Vingadores: Guerra Infinita (2018)

Avengers: Infinity War (Anthony Russo e Joe Russo - 2018)

THANOS. É ele nosso começo, meio e fim. Os dez anos do Universo Marvel nos levaram até esse ponto onde todas as jornadas dos heróis se cruzam para enfrentar esse inimigo.

Não da para falar muito de legado pois faz apenas três semanas do lançamento do filme, além de ser um filme que nos passa muito a sensação de acabar pela metade, pois a conclusão só virá ano que vem. Como eu disse quando saí da sala do cinema, senti a mesma sensação de quando assisti A Sociedade do Anel em 2001, era a primeira vez que eu era impactado por um filme que mexeu muito com meu emocional, pois era um filme épico e com um final triste e inconclusivo, tudo havia dado errado e isso se refletiu mais de quinze anos depois ao ver a Guerra Infinita.

ATENÇÃO! SPOILERS À PARTIR DAQUI!

O produto Kevin Feige junto dos Irmãos Russo, constrói um roteiro partindo do princípio que todo mundo conhece os heróis após os dezoito filmes anteriores, então esse filme seria sobre Thanos e sua busca pelas joias do infinito.

A escolha de Josh Brolin mostra ser a jogada de mestre da Marvel dentro da história dos blockbusters (iniciado com Tubarão de Steven Spielberg nos anos 70), afinal se o vilão não convencesse, ela iria prejudicar todo o desfecho da maior saga já feita sobre uma única história nos cinemas.

Para acompanharmos a história de Thanos, o filme se divide em três núcleos, cada um comandado justamente por um dos membros da triada Marvel Studios: Homem de Ferro, Capitão América e Thor. Temos o arco de Thanos e sua busca pelas joias que vai de encontro com sua relação com sua filha Gamora. Vamos explorar cada um:

TIME ESPAÇO: THOR, GUARDIÕES DA GALÁXIA
O filme começa de onde Thor: Ragnarok parou. Thanos aborda a nave onde está os Asgardianos e ele toma para si o Tesseract, onde está a Joia do Espaço. Esse é um momento muito importante para vermos Loki se redimindo de tudo o que ele fez ao se sacrificar para tentar salvar seu irmão e seu povo. Aqui temos já duas mortes: Loki e Heindall, que num ultimo gesto, envia Hulk para a terra para alertar sobre a chegada de Thanos.

Os Guardiões da Galáxia seguem um pedido de socorro e encontra a nave dos Asgardianos destruída e vários corpos pelo espaço. Eis que eles trombam com Thor que estava desacordado. Nesse longa vemos o auge do Deus do trovão, após ver o arco iniciado em Ragnarok onde após perder o Mjolnir e seu pai, ele se torna o Rei de Asgard e tem que se provar como o Deus do Trovão. Mas honrado o legado dos diretores James Gunn e Taika Waititi, o encontro de Thor e os Guardiões é recheado de momentos cômicos, porém, sem tirar a seriedade e o tom de urgência que o roteiro traz.

Logo após esse encontro, esse time é dividido novamente. Peter Quill, Gamora, Drax e Mantis vão para “Lugarnenhum” para buscar a Joia da Realidade que está com o Colecionador, enquanto Thor, Rocket Raccoon e Groot vão para Nidavellir para construir uma arma capaz de destruir Thanos.

Entre os Vingadores, Thor acaba se tornando o maior destaque do filme e vemos claramente a evolução dramática do ator Chris Hemsworth e a importância de Thor: Ragnarok ter redefinido o tom do personagem. A cena que Thor aparece em Wakanda foi ovacionada na sessão de estreia que eu fui e na internet você encontra vários relatos da mesma coisa ocorrer nas salas de cinema pelo mundo. Thor realmente se torna um Deus ex-machina no roteiro, ironicamente sendo um personagem que é um deus, ele aparece para salvar os heróis no momento crucial e por muito pouco não derrota Thanos.
Outra personagem desse time que é fundamente para o filme é Gamora. A filha preferida de Thanos serve para compreendermos toda a motivação do Titã na busca pelas joias. Como um tirano que acredita na benevolência da chacina que ele faz, muitas vezes sentimos empatia com o vilão e ao invés de sentirmos raiva do sacrifício que ele faz ao dar a vida de Gamora em troca da Joia da Alma, nós sentimos piedade. Poucos roteiros conseguem a maestria de deixar o público à favor do antagonista mesmo com heróis já tão bem estabelecidos. É como torcer por Voldemort no último Harry Potter, algo inimaginável, mas o roteiro bem construído e amarrado e a atuação de Josh Brolin conseguem fazer isso e é interessante ver um trabalho tão espetacular e refinado de roteiro em um filme que é para ser o blockbuster de sucesso do verão. Zöe Saldana também se mostra a protagonista feminina do filme e a personagem é o motivador para a missão de Thanos. Ela e Chris Patt se tornam definitivamente a dupla de ouro de Hollywood, pois três das cinco maiores bilheterias da história foram estreladas por eles (Guerra Infinita, Jurassic World e Avatar).

TIME TITAN: HOMEM DE FERRO, DR. ESTRANHO, HOMEM-ARANHA
Tony Stark é chamado por Dr. Estranho para defender a terra da invasão de Thanos, logo após o Hulk cair dos céus. Esse encontro é seguido pela chegada da Ordem Negra, seguidores do titã que vieram tomar as joias dos terráqueos. Fauce de Ébano e Obsidion vão atrás da Joia do Tempo que está no olho de Agamoto do Dr. Estranho. Nessa luta pela posse da joia, aparece o Homem-Aranha que estava em Manhattan numa excursão e acaba seguindo Homem de Ferro que parte para o espaço para resgatar o Dr. Estranho.

Então, Homem de Ferro e Homem-Aranha resgatam o Dr. Estranho e o trio segue para Titã, lua de Júpiter que é o lar de Thanos. O trio se encontra com Peter Quill, Drax e Mantis. Com o acréscimo de Nebulosa que veio assassinar seu pai, o grupo debate para decidir seu plano para derrotar Thanos. Nesse momento acontece algo crucial: Dr. Estranho, em meditação, visita quatorze milhões de futuros possíveis à partir de cada decisão que eles tomarem. Em todas essas probabilidades somente em UMA os Vingadores sairão vitoriosos.

Eis que Thanos chega para buscar a Joia do Tempo e enfrenta esse grupo de heróis que está em Titan. Peter Quill acaba pondo tudo à perder ao descobrir que Thanos sacrificou Gamora. À repercussão disso acaba com Dr. Estranho entregando a joia para salvar Tony Stark. Ao fim, Stephen Strange conta que esse era o único meio.

Guerra Infinita serve como peça fundamental do arco dramático do Homem de Ferro (assim como Thor), pois como dito na resenha de Homem-Aranha: De Volta ao Lar, Tony Stark após ver as consequências dos seus atos em Guerra Civil, teme por ser responsável se algo de pior acontecesse com o Homem-Aranha. Porém, tamanha a urgência do problema que enfrentam, Tony admite Peter como membro dos Vingadores, mas acaba falhando em seu propósito ao perderem a joia para Thanos e por consequência, não conseguir impedir a morte de Peter Parker que acaba acontecendo em seus braços no momento mais emocionante do desfecho do filme. Junto de Gamora e Thor, Homem de Ferro é o terceiro personagem melhor explorado pelo roteiro do filme e Guerra Infinita é mais um marco na jornada do Tony Stark.

TIME TERRA: CAPITÃO AMÉRICA, VIÚVA NEGRA, FALCÃO, VISÃO, FEITICEIRA ESCARLATE, HULK, SOLDADO INVERNAL, MÁQUINA DE COMBATE, PANTERA-NEGRA, OKOYE, SHURI
O elo mais fraco do filme. Apesar de bem trabalhado também e com o maior contingente de personagens, esse time perde alguns pontos em comparação aos outros dois devido ao Capitão América. Como pudemos ver, cada núcleo foi liderado por um vingador da tríade. Thor e Homem de Ferro chegam ao clímax de suas perdas nesse filme, enquanto o conflito de Capitão América não é explorado. Numa rápida citação sobre as consequências da guerra civil e com o visual dele e da viúva negra mostrando que estavam foragidos nesses últimos anos, somente os mais atentos deduzem o que aconteceram. Uma solução seria ter um embate, mesmo que rápido entre o Capitão e os vingadores fugitivos contra o Máquina de Combate na sede dos Vingadores, ou qualquer conflito mais latente entre a situação de fugitivo de Capitão e o dever dele de herói.

Porém, entendemos que com quatro tramas para se trabalhar (Thanos, Gamora, Tony Stark e Thor), um quinto enredo poderia sobrecarregar o filme, sendo que esse foi justamente uns dos defeitos de Vingadores: Era de Ultron. Então o time da terra acaba sendo o responsável pela grande batalha do terceiro ato que acontece em Wakanda e sempre marca os filmes finais das grandes sagas desde a famosa “Batalha de Pelennor” em O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei.

A batalha é marcada por momentos épicos, como a luta das heroínas Viúva Negra, Okoye e Feiticeira Escarlate contra Próxima Meia-Noite, a parceria entre Rocket Raccoon e Soldado Invernal, entre outros momentos. A melhor de todas é o momento que Thor, Groot e Rocket chegam na batalha numa sequencia de ação onde o deus está no auge dos seus poderes.

É aqui que acontece o clímax do filme, após Thanos conquistar a Joia do Tempo, ele vai até Wakanda para adquirir a Joia da Alma que está na testa do Visão. Numa cena espetacular, Feiticeira Escarlate sacrifica o seu amado para destruir a joia. Porém, o triunfo de Thanos é que agora com a Joia do Tempo, ele consegue retornar alguns minutos e toma para si a Joia que faltava. Thor até tenta destruir o Titã, mas com um estalar de dedos, Thanos completa sua quest, dizimar metade do universo. Isso tem um preço, Thanos tem um momento onde acaba encontrando no seu subconsciente a Gamora criança que pergunta o quanto custou tudo isso e ele responde “custou tudo”. Isso nos gera uma empatia e mostra como o vilão acaba por ser o protagonista do filme, pois ele percebe que mesmo concluindo sua meta, ele perdeu aquilo que mais amava.

Vemos metade dos Vingadores desaparecendo após Thanos concluir sua missão e o filme se encerra com os créditos finais mais solene de todo o Universo Marvel. Deixando um futuro incerto para o próximo ano.

A CENA PÓS-CRÉDITOS
A última cena mostra Nick Fury e Maria Hill em Nova York, eles estão no transito e as pessoas começam a desaparecer, inclusive Maria Hill. Fury pega um Pager de sua bolsa, mas ele também desaparece. A câmera da um close no Pager e aparece o ícone da Capitã Marvel em sua tela. Essa cena abre as portas para o futuro da Marvel, pois para poder vencer Thanos, somente a Capitã Marvel, que será um dos próximos filmes da Marvel. Temos também para o segundo semestre, O Homem-Formiga e a Vespa, que também será uma ponte até Vingadores 4.

Guerra Infinita é um presente para os fãs, porém, não deixa de ser o maior e melhor filme da Marvel, pois vemos um trabalho de roteiro espetacular e que foge do padrão, honrando o legado de Stan Lee e Jack Kirby. Aguardem as próximas postagens para ver meu balanço final sobre essa maratona minha que durou três meses.

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