Guardiões da Galáxia Vol. 2 (2017)

Guardians of the Galaxy Vol. 2 (James Gunn - 2017)


Como uma coletânea de discos, James Gunn anuncia o próximo Guardiões da Galáxia com o subtítulo de Vol. 2 e começa investindo no marketing e trabalhando com a expectativa dos fãs justamente com aquilo que eles mais esperavam: o tributo aos anos 1980 e muitos easter eggs. O primeiro pôster mostra os Guardiões encostados numa parede numa foto em preto e branco, justamente remetendo aos discos da década do Pop.

Porém, o que poderia ser somente uma continuação caça-níqueis acaba entregando um dos melhores filmes do Universo Marvel e mostra como Gunn tem o controle de tudo o que ele está construindo sobre essa equipe, afinal, ele é o maior fã deles que existe e conseguiu transferir esse fanatismo para milhões de pessoas, colocando Peter Quill, Groot e Rocket Racoon entre os heróis mais adorados da Marvel, um feito grandioso, afinal estamos falando num mundo onde tem Capitão América, Homem de Ferro, Hulk e tantos outros.

Todo mundo esperava mais sobre as joias do infinito e o paradeiro da Joia da Alma, a única que ainda não apareceu nos cinemas, mas a sacada foi justamente não falar nada sobre a joia e focar nos relacionamentos familiares dessa equipe.

No primeiro filme, eles não tem laços com ninguém e acaba descobrindo um dos outros esses laços familiares de que tanto necessitavam. Aqui, James Gunn vai mais a fundo com a história de cada um, iniciando com Peter Quill. O Senhor das Estrelas conhece seu verdadeiro pai, Ego – O Planeta Vivo. Aqui a adaptação desse personagem dos quadrinhos que literalmente é um planeta para a tela é feita magistralmente tanto no visual e efeitos quanto no roteiro, pois em nenhum momento parece algo estranho ou algo forçado. Ego e Peter se aproximam, mas ao descobrir que Ego matou a mãe de Quill, o herói entra num embate contra o pai e em contrapartida, descobre em Yondu a verdadeira figura paterna que rodeou sua vida. O mercenário termina o filme se sacrificando pelo jovem aprendiz, mas deixando sua marca no filme pois ele rouba a maioria das cenas em que aparece, destaque para a fuga da nave com Rocket e Groot.

Em segundo plano, temos Gamora e Nebulosa. A nossa heroína é perseguida por sua irmã que busca vingança por nunca ter sido a preferida de seu pai, Thanos. Juntas, elas descobrem que essa raiva que sentem pelo pai adotivo é recíproca e o filme faz questão que a mágoa que exista entre as duas por anos se esvai ao encontrarem essa semelhança numa na outra. Da mesma forma, temos Drax com Mantis. A nova personagem é usada há anos por Ego para utilizar seu poder de empatia para ajudar o planeta a dormir ou se esvair de seus pensamentos. Como a alienígena nunca teve contato com outras pessoas (a não ser as vítimas de seu mestre) é em Drax que ela começa a aprender sobre sentimentos, apesar dos dois serem usamos muito como alívio cômico, também reside neles um toque de encontrar no outro a família que não tem. De maneira menor e mais cômica, Rocket e Groot passam pelo mesmo processo, num ciclo de pai e filho, onde o guaxinim está educando a pequena árvore assim como o pai educa uma criança.

É incrível que mesmo sendo uma continuação e estando bem na entrada do epicentro que formará a Guerra Infinita, o filme funciona como uma obra única, até mais que seu predecessor. Percebesse o empenho e em como James Gunn coloca sua assinatura no filme (mais do qualquer outro diretor do Marvel Studios) ao ver como ele fez a lição de casa direito. A trilha sonora Awesome Mix que tinha sido um grande sucesso em 2014, retorna com mais clássicos dos anos 80. E de longe, a fotografia do longa é a melhor de toda a franquia, observe a cena que selecionei para ilustrar o topo da resenha: enquadramento respeitando a proporção aurea, ela consegue mostrar o isolamento de Peter perdido em seus pensamentos naquela nave que nada tem a ver com a sua própria nave, a Milano, ou a nave do Yondo, do qual ele crescendo, mostrando desde aquele momento que por mais que tenha um laço biológico, o rapaz nada tem a ver com o seu pai verdadeiro. É a fotografia sendo usada para mostrar numa cena muito sobre o roteiro do filme.

Os Easter Eggs e homenagens continuam. Desde a escalação que continua o tributo aos anos 80 de Kurt Russell e também de Sylvester Stallone como Stakar, o líder original do Guardiões da Galáxia nos quadrinhos. Além da participação especial de David Hasselhoff em várias pontas e referências no filme. 

Adam Warlock: Separo um parágrafo à parte para comentar sobre o início do filme e a inclusão da raça Soberanos. Uma das melhores aberturas da franquia da Marvel, os Soberanos com seu perfeccionismo que acaba beirando o ridículo em diversas cenas, além de divertir acaba nos dando a incrível sequencia onde eles perseguem os Guardiões com naves pilotadas por eles como se fosse fliperamas. No final numa das cenas pós-créditos mais misteriosas do estúdio, temos a revelação do casulo onde está Adam Warlock, um dos personagens mais fortes da editora, criado para ser uma referência à Jesus Cristo.

Guardiões da Galáxia Vol. 2 mostra que quando o estúdio está em sintonia com o diretor e o deixa colocar sua marca no filme, o resultado pode ser excelente. Esse entra no meu TOP 3 dos filmes da Marvel e consegue dar a importância que a equipe precisa para se destacar dentro da Guerra Infinita. Eles deixam de ser um grupo de heróis de nicho para entrar no Panteão do Olimpo da Marvel Studios.


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