Thor (2011)

Thor (Kenneth Branagh – 2011)

 

Ontem à noite, o canal Omeleteve fez um vídeo falando dos piores filmes da Marvel e elegendo Thor em sua lista. Como a arte é subjetiva e tem uma relação diferente para cada um, é divertido discordar das listas cinematográficas de várias pessoas (aqui faço menção honrosa ao meu amigo Giovane Miguel que não gostou de Matrix e ama Cavalo de Guerra). Discordo da lista, pois Thor surpreende para mim e começa a se enquadrar na dita fórmula Marvel que irá consagrar o estúdio.

A fórmula Marvel consiste em conceitos que estão em quase todos os filmes da franquia: agradar o quadrante (público formado por crianças e adultos, homens e mulheres); otimista com piadas e alívios cômicos; grande destruição no terceiro ato sem grandes consequências; tom otimista no roteiro; jornada do herói clássica; sem roteiros complexos ou com riscos.

Thor segue essas regras que foram estabelecidas em Homem de Ferro. Trazendo uma história de origem sem a dramaticidade que o herói tem nos quadrinhos e uma resolução de conflito muito rápida e sem gravidade. Thor e Odin tem suas desavenças durante o filme (articulado sabiamente por Loki) e não há uma construção para a solução desse conflito. A mudança de Thor vem por causa do amor por Jane Foster.

É no protagonista que temos o calcanhar de Aquiles do filme. O Thor de Chris Hemsworth só tem sua notoriedade pelo contexto criado dentro do MCU (Marvel Cinematic Universe) e não por sua concepção dentro de seu próprio filme de origem. Talvez seja isso que o pessoal do Omelete se incomoda com o filme do Thor, a força de um personagem (no sentido de protagonismo e não de força física) tem que ser mostrado dentro de sua própria história e isso não acaba acontecendo.

Loki, o Deus da Trapaça (e que rouba a cena) e o elenco

O grande trunfo do filme é Tom Hiddleston que interpreta Loki e rouba a cena no filme. Se fazendo de dissimulado e calculista no começo, durante o filme ele vai mostrando como foi arquitetando todo o seu plano através da revolta que tem por seu conflito com o pai. A interpretação de Tom acaba se sobressaindo tanto que durante a produção do filme ele já é eleito para ser o grande vilão dos Vingadores. Uma escolha acertada que vai ser a cereja do bolo do filme que mudará o status quo do Cinema de Super-heróis até hoje.

Odin é magistralmente interpretado por Anthony Hopkins que traz toda a imponência que o grande deus da mitologia nórdica merece. Sua relação com os dois filhos se torna muito crível graças ao seu trabalho que só perde um pouco nas cenas que se relaciona com Thor, pois Chris Hemsworth não consegue acompanhar a atuação de Hopkins (sendo que Tom Hiddleston tira isso de letra). Temos também uma Asgard feito de CGI que é bonita de se ver, mas já consegue ficar datada, principalmente em comparação com a Asgard criada no filme Thor: Ragnarok. Aqui vale uma menção para Idris Elba que faz Heimdall (sentinela de Asgard que infelizmente não tem grande espaço no filme e acaba como mero coadjuvante) e Rene Russo como Frigga, esposa de Odin.

No núcleo dos personagens da Terra, Jane Foster é interpretada por Natalie Portman que sofre um pouco do mesmo mal de Star Wars: uma grande atriz que não tem toda sua potencialidade explorada. Quem rouba a cena nesse núcleo são os personagens Erik Selvig e Darcy Lewis que servem como alívio cômico de maneira pontual. A interação entre Thor e eles se torna uma das melhores coisas do roteiro. Chris Hemsworth tem um timing bom para comédia que casa bem com a situação de ser um “extraterrestre (ou deus nórdico no caso)” no nosso mundo.

Se eu usar uma metáfora para mostrar qual é o problema do filme, é que ele é uma torta que não consegue decidir se é doce ou salgada. O filme é bom e divertido, isso é fórmula Marvel.

Comentários

Postagens mais visitadas