Uma pétala a menos na Rosa


Ontem a Banda Rosa de Saron anunciou a saída de seu vocalista, Guilherme de Sá (Me lembro até hoje do momento vergonha alheia quando eu o conheci e disse “sou seu chara” kkkkkkk). Ele postou uma imagem em seu instagram dizendo que a rosa perdeu uma pétala, mas que eles continuavam.

Eu não quis assimilar isso no momento, ontem foi um dia muito ímpar na minha rotina. A internet ainda repercutia a morte de Stan Lee, nossa equipe na rádio sofreu uma mudança, estava eufórico porque comprei o jogo Zelda Breath of the Wild e tive a primeira reunião do próximo Retiro de Carnaval.

Com o passar dos anos, sempre entendi que a Banda Rosa de Saron não era algo para ser consumido imediatamente. Nós devemos deixar maturar, amadurecer, cozinhar, ou qualquer termo que você imagine que seja oposto de imediatismo. Assim como suas músicas, eu deixei essa notícia passar e absorver ela depois.

Os dois Guilhermes
Após minha entrada no JEANS em 2008, tive meu primeiro contato com a Banda Rosa de Saron quando uma menina do grupo disse que estava lotando uma van para levar o pessoal no show deles em outra cidade. Não dei atenção e no fim nem teve essa caravana.

Então coincidiu que a música “Sem Você” da banda estourou nas rádios devido a um vídeo feito no YouTube com um monte de foto romântica. Tamanho sucesso fez com que a banda viesse para Tatuí em janeiro de 2009.

Eu não iria ao show, porém ganhei o ingresso na semana da juventude. Então comecei minha saga para conhecer a banda. Nesse primeiro momento eu curti a música “Como eu te vejo”. Engraçado que ela não acabou fazendo sucesso e não chega nem arranhar as melhores músicas deles, mas me marcou muito, pois dizia como Deus ficou todo esse tempo só me aguardando, esperando o dia que eu chegaria até Ele.
Show da Banda Rosa de Saron em janeiro de 2009 em Tatuí
No ano seguinte, saiu o CD Horizonte Distante. Era engraçada a interpretação que davam desse álbum. Alguns disseram para mim que a banda deixou de ser aquele estilo calmo e virou rock pauleira. Outros disseram que eles agora eram secular, cantando músicas de amor e pararam falar de Deus.

Ledo engano, o Horizonte Distante trazia uma poesia inerente em suas músicas, mas que me ensinou uma lição valiosa sobre a banda (da qual eu falei no começo do texto) que para apreciá-la e entendê-la é somente com o tempo. Cada música deles só faz sentido depois de ouvir dezenas de vezes e absorver cada letra.

No meu primeiro ano de faculdade, foi um momento complicado que passei na minha vida e no processo de autoconhecimento acabei me afastando do grupo de jovens que era meu porto seguro. Nessa redescoberta, eu não conseguia escutar nenhuma música de igreja pois me trazia lembranças que doíam muito. Mas eu não queria me afastar de Deus, então baixei os cd’s do Rosa de Saron e comecei a escutar no ônibus da faculdade durante a ida e a volta todos os dias. Foi a maneira que encontrei de me conectar a Deus nesse momento e isso foi extremamente importante para minha Fé.
Coloquei isso num papel e escrevi, escrevi muito, escrevi um roteiro em cima dessas músicas. Esse projeto não saiu do papel, mas para mim é uma expressão de tudo aquilo que aprendi e vivenciei com aquelas músicas.

Ali nascia um fã da Banda Rosa de Saron e então foi a convergência de dois Guilhermes, o Leme que orava e clamava ao escutar as letras e melodias compostas pelo De Sá.

Show da banda em Piracicaba (o segundo da foto é o Yuri Rodrigues kkk e o último sou eu dez kl a menos)
Quando o dia Acaba, o que nos sobra é a Aurora

A melhor música deles é sem dúvida Aurora, composta para ser hino da JMJ Rio 2013, ela acabou não sendo escolhida pela comissão organizadora mas ela era tão incrível que adotamos ela como tema do Retiro de Carnaval de 2014, que foi um marco para nossos retiros. Um recomeço na vida de dezenas de jovens que escutaram e clamaram com fé “solte sua voz, hoje é tempo de recomeçar”.
Me vem à lembrança muitas outras músicas deles. Noite fria, Linda Menina, Chance, Monte inverno, Além do meu jardim, Mais que um mero poema, Folhas ao chão, Cassino Boulevard, Latitude e Longitude, Se, Cartas ao remetente entre outras.

Do alto da pedra marcou nossa juventude no Jeans quando todo mundo cantava ela no final dos louvores do grupo e tentavam imitar os gritos do Guilherme de Sá na música. Máquina do Tempo ficava tocando na abertura da nossa rádio Jeans que fizemos por uns três meses e fez com que ninguém mais aguentasse a música. Meu abandono era a marca registrada da geração do Jeans que foi coordenada pelo André Guerra que sempre começava com “dois, três testando, ei alô, som, você é tudo pra mim”.

Por último, duas músicas marcaram nesses últimos tempos. A primeira é Incompletude, que completava a minha relação com Deus e toda a percepção do verbo que se fez carne e como eles cantavam: “e o verbo era amar”.

Gravação do DVD Acústico 2/3
A segunda é O Sol da meia-noite, que rende uma história a parte. Ela foi lançada no álbum Horizonte Distante e depois relançada como música principal do Acústico 2 da banda. Minha felicidade como fã é ter participado da gravação desse DVD, um espetáculo que para mim foi coroado ao ver que toda a parte visual desse show foi inspirado em “A Viagem à lua” de George Méliès.

Essa música foi tema do Retiro desse ano e sou muito grato à tudo o que a banda e Guilherme de Sá representou para mim. Porém esse não é o fim. O vocalista se afasta, mas a banda permanece e como sempre aprendi: “nada é insubstituível”. O Rosa de Saron vai continuar, de outras formas, por outras vias, mas o curso do rio chamado Vontade de Deus continua. Para mim, mais uma metáfora de como o ciclo não para.

Que dia propício para isso acontecer, no dia da minha primeira reunião do retiro do ano que vem. Deus, você adora aprontar comigo rsrs.

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