Branca de Neve e os Sete Anões (1937)
Snow White and the
Seven Dwarfs (Walt Disney – 1937)
A Maçã mais importante do Cinema
Um
texto popular na internet diz que existem quatro maçãs que marcaram a história
da humanidade: A Maçã de Eva, a Maçã de Isaac Newton, a Maçã dos Beatles e a
Maçã da Apple. Porém houve uma maçã que mudou o Cinema. Branca de Neve e os Sete Anões é o primeiro longa animado de
Hollywood que além de revolucionar a indústria, foi um sucesso de crítica e
público. Fundou o império Disney e foi o pontapé de mais de 80 anos de
produções que encantam gerações de espectadores.
A
empreitada de Disney para tirar do papel esse projeto levou três anos e uma
equipe gigante da qual foi a salvação para muitos desempregados que sofriam
ainda com a quebra da bolsa. Walt, obcecado que era, queria um produto de
qualidade e se empenhou a criar tecnologias para produzir as suas animações.
Contratou um elenco real para encenar as cenas da Branca de Neve e do Príncipe
e com isso os animadores usarem de referência. Todo esse esforço entregou um
produto ímpar, do qual analisaremos agora, afinal, o que faz Branca de Neve ser
uma obra-prima de seu tempo?
Características Disney
Disney
e seus desenhistas começaram a trabalhar juntos em Branca de Neve e começaram a
construir as características que vão marcar as obras de Disney:
·
Um obra familiar, que atendesse tanto o
público infantil quanto o adulto.
·
Conto de fadas Clássico.
·
Personagens para serem alívio cômico e
entreter a história.
·
História contada através da música.
·
Animações com Planos sequências
utilizando a Câmera Multiplano.
·
Uso detalhado das sombras como se a
iluminação do filme fosse real.
·
Trabalho acirrado de foley (criação de
sons do cenário).
Nesse
processo de produção para criar uma obra pioneira e conquistar a crítica,
Disney contrata cada vez mais animadores e transforma seu estúdio em
praticamente uma escola de animação. Ele passa horas com seus animadores
estudando técnicas e assistindo os mais diversos filmes para buscar referência.
Para os animadores da época, foi algo inimaginável trabalhar no filme, pois o
estúdio estava à todo vapor, afinal, após a queda da bolsa, Disney era um dos
empresários que mais contratavam nos EUA e salvou milhares de famílias da
crise. No auge, mais de 300 animadores trabalhavam no filme enquanto mais de
700 trabalhavam nos estúdios. Para conseguir tanto financiamento, Disney passou
trechos do filmes para banqueiros que foram convencidos pelo dom de Walt de
contar histórias.
Em
1937 o filme estreia, influenciando cineastas do mundo todo e se tornando um
marco comparável a “O Nascimento de uma
Nação” de D. W. Griffith, que foi pioneiro em usar a linguagem
cinematográfica. A história da princesa de pele branca como a neve é um sucesso
enorme de crítica e público.
Era uma vez uma princesa
O
filme inicia-se com um livro sendo aberto com intertítulos mostrando a
introdução da história, uma característica do cinema mudo que condiz com a
época do qual o filme foi lançado (1937) e que hoje seria de grande estranheza
para o público.
Então
somos apresentados a Rainha e ao Espelho Mágico. Interessante como Disney se atém a nomear os
personagens de acordo com os seus estereótipos: A Rainha Má, a Princesa com
pele branca como a neve, o Caçador, o Príncipe, Feliz, Zangado, etc. O
propósito aqui não é reinventar o conto, mas contar muito bem esse conto de
fadas sem rodeios ou ambiguidades: o mal é o mal e o bem é bem. O único personagem
que tem um nome próprio é o Dunga, porém ele é mudo e não tem uma personalidade
definida, pois ainda é uma criança que vai crescer e amadurecer.
Branca
de Neve faz parte dos meus filmes de infância que aliás eu tenho até hoje em
VHS. Faz parte das minhas animações preferidas, porém a qualidade vence o tempo
e o filme permanece impecável. Porém a idade e a formação faz com que muitas
cenas que antes me passassem desapercebidos agora saltam aos meus olhos, como a
fuga da Branca de Neve pela floresta (uma clara referência ao Expressionismo
Alemão), ou o clássico “Eu vou” dos anões passando em cima de uma árvore para
voltar para a casa.
É
um conto de fadas básico, mas Disney foca em um sentimento/palavra que norteará
todo o filme: DESEJO. Branca de Neve deseja encontrar o verdadeiro amor. A
Rainha deseja matar a Branca de Neve para ser a mais bela. Esse sentimento
conduzirá a história durante todo o filme e as canções irão fortalecer esse
sentimento. Portanto, sendo fruto de sua época, essa história acaba sento o
real conto de fadas onde a busca por esse desejo não consiste em uma trajetória
para alcança-lo (ao longo dessa maratona, vamos ver como as princesas vão
evoluir ao passar dos anos). Afinal, a Branca de Neve encontra esse amor
somente esperando o Príncipe enquanto jaz adormecida num jazigo e a salvação
dela só acontece quando é beijada pelo seu verdadeiro amor.
Outra
grande força na história é os anões, eles acabam atraindo a maior parte do
olhar das crianças sobre o filme com suas piadas e seus estereótipos tão
marcados, toda criança passa por esses “desejos” ou “sentimentos” no seu dia a
dia, como a esperteza (Mestre), o sono (Soneca), a ira (Zangado), a vergonha (Dengoso),
a felicidade (Feliz), a doença (Atchim) ou a inocência (Dunga). Isso faz com
que o filme se conecte muito bem com seu público alvo majoritário, as crianças,
porém faz os adultos reviverem esse lado infantil que há muito deixaram de
lado.
Por
isso mesmo sendo um filme da década de 1937, ele sobrevive ao tempo (apesar de
não se manter atual) e consegue nos encantar e solidifica essa qualidade Disney
de “marcar gerações”. Se você chegou até o fim desse texto e nunca assistiu Branca
de Neve, recomendo que assista para realmente entender o significado da palavra
Clássico e Obra Prima, um ótimo filme para você que quer se aprofundar na arte
do Cinema.
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